COMO CONTRATAR PLANO DE SAÚDE PARA OS FUNCIONÁRIOS
- Bruno Vieira Feijó - PEGN
- May 21, 2017
- 5 min read

Oferecer um plano de saúde para os funcionários está na lista de desejo de muitos empreendedores. E por uma razão muito simples: diversas pesquisas apontam que o benefício é o segundo item mais valorizado pelos empregados, ficando atrás apenas do próprio salário. A oferta de um convênio, portanto, pode ser fator crucial para contratar e reter bons profissionais. Porém, não é tão simples escolher e contratar um plano que atenda às expectativas de quem o usa — ao mesmo tempo que não prejudique as contas de uma pequena ou média empresa. À seguir, leia algumas explicações para as dúvidas mais frequentes sobre o assunto.
Quanto custa um plano de saúde para empresas que tenham de três a 99 funcionários?
O custo do plano varia de acordo com o número de funcionários segurados e com a rede de hospitais e serviços escolhida. Um levantamento feito por PEGN com quatro corretores que vendem planos das principais operadoras mostrou que, com cerca de 5 mil reais por mês, uma empresa com 20 funcionários pode contratar um plano básico. Uma pesquisa da consultoria Mercer Marsh Benefícios feita em 2015 com 513 grandes empresas de 30 segmentos mostrou que o custo médio por funcionário estava em R$ 225,23. O plano respondia por 11,5% dos custos com a folha de pagamento.
Como escolher o plano?
Quem pode responder quanto o plano será útil são os funcionários. Entender seus hábitos e suas características, por meio de uma pesquisa interna, pode revelar suas necessidades. O levantamento deve resultar numa estatística por faixa etária, sexo, bairro onde mora e doenças crônicas. Um exemplo: cuidados de pré-natal e maternidade são imprescindíveis para empresas com mais de 30% de funcionárias ou dependentes mulheres.
Há planos mais adequados para cada perfil. Pense também na abrangência geográfica, ou seja, onde a empresa atua e onde os funcionários moram — se é perto ou longe dos grandes centros e se possui filiais ou escritórios em várias cidades e estados. Empresas cujos funcionários moram num mesmo município podem optar por planos regionais, que custam cerca de 30% menos do que um de abrangência nacional.
Os planos têm carência?
Nos planos de saúde o prazo de carência é o período, previsto em contrato, entre a assinatura do contrato e a efetiva possibilidade de uso dos serviços pelo segurado. Os prazos de carências máximos permitidos por lei são: 24 horas para os casos de urgência e emergência; 300 dias para partos; 180 dias para os demais casos; 24 meses para cobertura de doenças ou lesões preexistentes, aquelas que o consumidor ou seu responsável saiba ser portador quando aderiu ao plano. Muitas empresas, porém, conseguem negociar para seus funcionários a retirada dos períodos de carência.
Como é calculado o reajuste da mensalidade?
As normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula planos de saúde no Brasil, determinam que mensalidades de apólices de empresas com três a 29 funcionários sejam reajustadas anualmente, conforme o índice de sinistralidade de toda a carteira da operadora. Empresas com 30 ou mais funcionários podem optar por reajustes com base no índice de sinistralidade apenas de seus funcionários. Os especialistas recomendam essa alternativa apenas para empresas com no mínimo 100 empregados segurados.
O risco é matemático — despesas de poucos funcionários que precisarem de tratamentos caros (meses numa UTI, por exemplo) vão pesar bastante num grupo pequeno, provocando aumentos bruscos de um ano para o outro. Anualmente, o plano é reajustado de acordo com a inflação de itens médicos, o índice de sinistralidade e a faixa etária média dos funcionários. Os fornecedores de planos de saúde costumam seguir uma regra segundo a qual o custo do benefício para quem tem acima de 59 anos é de até seis vezes o preço cobrado dos funcionários de 18 anos.
O que é índice de sinistralidade?
O índice de sinistralidade reflete quanto a operadora gastou para honrar as despesas previstas no contrato. De modo geral, o índice é calculado com base no custo com serviços de saúde que ultrapassou 70% do valor pago pelo cliente, pois 30% da mensalidade costuma ser reservada pelas operadoras para gastos administrativos e margem de lucro. Na prática, quanto mais caros forem os tratamentos demandados pelos seus funcionários ao longo de um ano, mais alto tende a ser o reajuste do plano.
Como a empresa pode controlar o uso do plano?
Uma boa administração do plano pressupõe que o funcionário saiba como usar os serviços com responsabilidade. Muitas empresas estipulam que o empregado arque com um valor (de 10% a 20%) a cada consulta ou exame. Além disso, de acordo com estimativas de mercado, boa parte das pequenas e médias empresas divide meio a meio com os funcionários as mensalidades dos planos. É uma forma de prevenir abusos.
A empresa também deve rever o contrato com a operadora a cada dois ou três anos. “Muitos empreendedores pensam que o plano de saúde funciona da mesma forma que o seguro do carro, quanto mais tempo com o mesma operadora melhor, mas não é sempre assim", diz Marcelo Alves, diretor da Célebre Corretora. "Os planos de saúde empresariais são reajustados anualmente, e não existe uma limitação proposta pela ANS (Agência Nacional da Saúde). O valor será acordado direto com a empresa e o fornecedor. Caso a empresa não tenha feito um acompanhamento de perto na utilização do plano, o valor do reajuste pode ser muito alto." Além disso, a operadora atual pode estar com a cobertura defasada na comparação com os concorrentes.
Programas de prevenção ajudam a baixar os custos?
O especialista Marcelo Alves destaca que a estruturação de programas de qualidade de vida e prevenção é uma prática fundamental para controlar os custos dos planos de saúde. “Entre as ações possíveis estão o incentivo a práticas de atividades físicas, orientações sobre os benefícios de seguir uma alimentação saudável, programas para ajudar os colaboradores a abandonar o consumo do cigarro, etc. No entanto, apenas uma parcela pequena das empresas faz algo neste sentido." Resultado: ama empresa que tem 6% de funcionários diabéticos, por exemplo, acaba gastando mais com uma internação do que gastaria com um programa de distribuição gratuita de medicamentos.
Para acompanhar de perto quanto - e como os funcionários - vêm gastando, a empresa pode solicitar às operadoras relatórios periódicos sobre os gastos médicos. Essas informações podem ajudam a pensar em campanhas de saúde mais efetivas. É comum o afastamento de pessoas por problemas como resfriado, gripe e lesões por esforços repetitivos. O empreendedor pode, então, investir mais em equipamentos ergonômicos, como cadeiras e computadores adequados ao uso intenso, e em campanhas de vacinação coletiva.
Quais os problemas mais frequentes que costumam acontecer entre empresas e operadoras de saúde?
As pendengas mais registradas são causadas por discordâncias das partes sobre o valor do reajuste. Muitas operadoras não informam com clareza como a conta foi feita. Outro motivo é a rescisão unilateral. A operadora tem o direito de rescindir o plano coletivo a qualquer momento. Nesse caso, ela deve ofertar um plano individual equivalente aos funcionários em tratamento. Mas muitas operadoras não trabalham com plano individual, daí a confusão.
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