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Boom de fintechs brasileiras oferece novas oportunidades para os investidores



As fintechs estão surgindo de maneira exponencial ao redor do mundo. Durante os últimos dois anos, os investimentos globais em empresas fintech cresceram significativamente. Após atingirem US$ 19 bilhões em novas rodadas dos fundos em 2015, os financiamentos internacionais aumentaram ainda mais. Somente nos primeiros seis meses de 2016, o volume alcançou US$ 15 bilhões, segundo relatório de Business Intelligence publicado pela Business Insider.


No Brasil, de acordo com a ABFintechs, a Associação Brasileira de Fintechs, este segmento está especialmente em alta. “O número de startups neste setor triplicou nos últimos dois anos. Com base em nossos dados mais recentes, existem hoje 244 fintechs no país”, diz Rodrigo Ubaldo, presidente da ABFintechs.


Por aqui, assim como em outros países da América Latina, a falta de serviços bancários criou um boom de empreendedores e investidores que buscam criar fintechs de potencial. Vale lembrar que, embora 85% dos brasileiros morem em grandes cidades, 40% da população ainda continua excluída do sistema bancário tradicional, de acordo com pesquisa do Itaú Unibanco.


Além disso, smartphones são bastante populares no Brasil – mais do que qualquer país na América Latina. E os brasileiros são ávidos usuários mobile. Essa é uma das principais razões pela qual o Nubank, que recebeu aporte Series D de US$ 80 milhões em dezembro, cresceu tão rápido. O negócio de cartões de crédito focado no mobile é a inspiração neste boom de oportunidades fintech para a América Latina. Para se ter uma ideia, desde que o Nubank entrou no mercado, mais de 200 fintechs surgiram na região.


Um fator chave que impulsiona o crescimento de fintechs no Brasil e na América Latina é o fato da região ter enfrentado uma severa crise bancária que durou mais de uma década. O resultado é que hoje existe uma demanda reprimida para atender o financiamento a consumidores e PMEs (Pequenas e Médias empresas), principais segmentos que as novas fintechs vêm atacando.


Um exemplo da herança da crise bancária são os juros do cartão de crédito. Os brasileiros estão em busca de alternativas melhores para as atuais taxas de cartão, que estão na casa dos três dígitos. Os consumidores no Brasil pagam em média 190% ao ano em cheque especial, cartão de crédito e empréstimos com os bancos. Até o fim de 2017, porém, o Banco Central espera baixar a taxa básica de juros de 14,25% para 8,5%. Se isso acontecer, os spreads bancários serão reduzidos e novas oportunidades de serviços mais eficientes via fintechs surgirão.


Em São Paulo, a Creditas, antiga BankFácil, obteve um aporte de US$ 19 milhões em um round Series B em fevereiro liderado pela World Bank’s International Finance Corp (IFC), o que também incluiu o primeiro investimento da Naspers Ltd.’s, novo braço focado em fintech da empresa no Brasil. O foco de atuação da Creditas é, justamente, a oferta de empréstimos com taxas de juros reduzidas graças a um sistema eficiente de análise de crédito, assim como é feito nos Estados Unidos.


O aporte foi destinado a providenciar novos canais de distribuição e diminuir a taxa mínima cobrada de 2,15% para 1,99% ao mês, enquanto a média de taxa de empréstimo está em 7,20% no Brasil. A Creditas usa tecnologia e inteligência de dados para gerar eficiência e, além disso, seu modelo de financiamento híbrido permite empréstimos seguros, garantidos por casas ou carros com os recursos de investidores institucionais e instituições financeiras.


Apesar da recessão na região na última década, o Banco Mundial apresentou uma previsão em que a expectativa da economia na América Latina é de crescimento de 1,8% ao longo de 2017. Globalmente, Brasil e México são vistos como alguns dos principais mercados em expansão.


Para os investidores, a América Latina é atrativa, pois permite que contornem as rigorosas leis da zona do Euro e se movam para um mercado ainda maior, menos regulamentado, com uma penetração ainda mais expressiva de dispositivos móveis. A região, em grande parte, é um mercado inexplorado onde a clara maioria das empresas são pequenas e enfrentam problemas de liquidez.


Insurtechs, Regtechs e Legaltechs


Na medida em que mais investidores globais começam a entrar no Brasil, o alto número de fintechs representa um sinal de maturidade no mercado. Além disso, esse aumento de investidores interessados, junto com o hype que ronda a imagem das fintechs no Brasil, criou novos subsetores emergentes na região, que passaram de setores-satélite e ganharam um reconhecimento maior, como, por exemplo, insurtechs, regtechs e legaltechs.


Existem também mais startups e investidores interessados em soluções fintech back-end do que somente em soluções voltadas para o consumidor – o que podemos chamar de “interessadas na cozinha, e não no salão”. Há um grande legado relacionado, por exemplo, à infraestrutura no setor bancário/financeiro, o que inclui diversos serviços que continuam rodando em COBOL, uma linguagem de programação computacional que é aplicada em mainframes desde 1959. COBOL é primariamente usado em sistemas de finança e administração para serviços financeiros em companhias e governo.


A necessidade de atualizar o legado desses sistemas representa uma enorme oportunidade para as fintechs back-end, como a Pismo, primeiro processador de pagamento eletrônico do Brasil com uma plataforma SaaS completa. Embora talvez não seja tão “sexy” quanto os clientes divertidos do “salão”, há muito dinheiro a ser feito nessas plataformas de software back-end (a “cozinha”) para modernizar os serviços bancários e financeiros do Brasil.


Abaixo estão algumas das fintechs mais atraentes que estão atendendo as necessidades de diferentes tipos de consumidores e pequenas empresas com novos e inovadores meios:


Dívida do consumidor

Kitado – plataforma para negociação de débito on-line que é simples e rápida de usar. Quero Quitar! – plataforma para negociar e pagar a dívida e melhorar os scores de crédito.


Crédito ao consumidor

Bom pra Crédito – site de compras on-line que fornece produtos de crédito aos consumidores. Cresdisfera – plataforma on-line para encontrar e comparar empréstimos de uma variedade de credores. Geru – plataforma de empréstimo on-line com efetividade de custo que conecta mutuários e investidores. Lendico – plataforma de empréstimo P2P com sede em Berlim que oferece baixas taxas para os mutuários. Noverde – aplicativo móvel fácil de usar que oferece aos consumidores acesso a empréstimos rápidos. Simplic – plataforma on-line e aplicativo móvel que simplifica e acelera os empréstimos pessoais.


Cartões de crédito

Digio – desenvolvedor de aplicativos de smartphones para facilitar transações financeiras móveis.

Full Banking Iugu – infraestrutura financeira para permitir a automação bancária. Neon – o primeiro banco 100% digital no Brasil.


Seguros

Bidu – corretora on-line que oferece seguro para auto, moto, casa e viagem. Minuto Seguros – corretora que vende apólices de seguro pela internet. Youse – plataforma de seguro on-line que oferece seguro para casa, auto e de vida.


Legal Tech

Clicksign – aplicativo de assinatura on-line para simplificar a execução de documentos legais. JusBrasil – plataforma on-line que fornece dados legais aos consumidores e advogados. Linte – plataforma baseada em nuvem SaaS que automatiza o processo de documentação legal. Sem Processo – uma startup que reduz o custo de negociação, gestão de litígios e arquivamentos judiciais.


Gestão de Finanças Pessoais

GuiaBolso – a principal plataforma de finanças pessoais do Brasil, com mais de 2,5 milhões de usuários. Organizze – ferramenta on-line que ajuda seus clientes a gerenciar custos e fluxo de caixa.

Robo Advisor Clear – plataforma de investimento completa combinada com acesso a especialistas em investimentos. Magnetis – plataforma on-line que ajuda as pessoas a planejar, gerenciar e executar investimentos. Rico – uma plataforma on-line e aplicativo móvel para orientar clientes e rastrear investimentos. Verios – startup que fornece gerenciamento de ativos baseado em algoritmos e alocação de risco.


Empréstimo para PMEs

Biva – uma comunidade on-line e uma ferramenta para conectar pequenas empresas com investidores para empréstimos. DunasPlus – plataforma on-line que transforma as contas a receber de empresas em crédito mais rápido.

Arrecadação e Pagamento para SMEs ASAAS – uma solução baseada em SaaS, faturamento, pagamentos e soluções de sinalização digital para SMEs. Moneto – pequena empresa com plataforma on-line móvel para gerenciar faturamento e pagamentos.


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